quinta-feira, 9 de setembro de 2010

sentimentos não se dão, sentem-se.


Ninguém entende, só eu. Eu rio-me, aliás, passo o tempo todo do dia a rir-me, por mínimas coisas, coisas essas às vezes sem sentido algum, mas ri-me. Para esconder a dor que existe cá dentro? Para não chorar? Talvez. Sim, talvez seja por isso. Para me fazer de forte, para mostrar aos outros aquilo que não sinto. Para não ter que explicar o porquê de tanta dor. Para não ter que mentir. Para não ficar ainda mais constrangida. Para não chorar à frente dos que amo, pois não gosto de fazê-lo, fico extremamente embaraçada. Para não mostrar a realidade. Para que os outros tenham alguns minutos felizes, pois ao rir-me das suas coisas, qualquer pessoa fica animada. Mas, principalmente, para me enganar a mim mesma. Para esconder de mim, aquilo que me atormenta. Engano-me todos os dias. Quando tenho esperanças, quando quero acreditar naquilo que ninguém vê, nem mesmo eu, apenas quero acreditar que vejo. Quando acredito exteriormente em algo que interiormente sei que não existe, só na minha imaginação. Não quero escrever sobre amores. Acho que isso é do mais vulgar que há, embora já tenha e com certeza voltarei a escrever. Para quê transmitir aos outros quem amamos? Só nós somos capazes de o sentir. Por muito que escrevamos, nunca ninguém vai sentir o mesmo calor ardente que nos atravessa a garganta, as borboletas desesperadas e desorientadas na nossa barriga, os arrepios que nos deixam a pele de galinha. Ninguém o irá sentir, pois cada sentimento, de cada ser, é único, por isso a razão de ninguém ser igual a ninguém. Somos todos diferentes, sentimos de forma diferente, agimos de forma diferente. E quando nos dizem: «tens a cara do teu pai» ou «tens os olhos da tua mãe». É mentira. Pode haver semelhanças, mas nunca, igualdades. E porquê?! Porque de certa forma, sentimentos nunca podem ser partilhados. Se é que me fiz entender. Não se chega perto dum ser e diz-se: ‘toma, este sentimento é para ti’. As coisas não são assim. Não se partilham sentimentos como se partilham uma pastilha de mentol, ou uma boneca, ou um carrinho, ou qualquer objecto que seja. Há que trabalhar, moldar, conquistar, seduzir até, cativar … são necessárias todas essas coisas para ser possível partilhar um sentimento, mas há-de sempre ficar mais de um certo lado do que de outro, pois os sentimentos não são igualdades.
Muitas pessoas acham-me infantil ao pensar assim, talvez, mas, eu acredito na vida dos objectos. Por isso dou tanto valor ao peluche pequenino e fofinho que me acompanha todas as noites, ao meu lado, sempre. «Ó Joana, não achas que já és demasiado grandinha para ainda dormir com bonecos?». – Ouço esta pergunta milhões de vezes quando vou de férias ou acampar com uns amigos. Pouco me importa se sou grande ou não. Ele dá-me apoio. Quantas vezes sentiu as minhas lágrimas?! Quantas vezes se abraçou a mim?! Quantas vezes dormiu ao frio para que eu dormisse quente?! Quantas vezes caiu da cama e não se levantou para não me incomodar?! Quantas vezes me ouviu sem opinar contra mim?! Quantas?! Eu digo-vos: todas as noites! Infantil? Talvez, mas ele é o meu melhor ouvinte, companheiro e amigo. E ajuda-me imenso, somente por me ouvir. E é disso mesmo que eu preciso: que me ouçam. E foi por isso que criei este blogue, para que possa transmitir aos desconhecidos o que nunca serei capaz de transmitir aos que me rodeiam.

9 comentários:

  1. oh meu deus, eu fico parva com as tuas palavras :'$

    ResponderEliminar
  2. Sabe mesmo bem ser tratado e tratar as pessoas assim :')

    ResponderEliminar
  3. obrigada querida $:
    digo completamente o mesmo o;

    ResponderEliminar
  4. cada um sente a sua maneira e apenas temos de respeitar isso ,bem como tudo o que diz respeito ao outro :)

    ResponderEliminar
  5. - tenho andado um pouco ausente, e desde já peço desculpa por não ler os post's recentes que tens vindo a colocar.
    - um óptimo post, sem dúvida nenhuma.
    - obrigado por me seguires (:
    - beijinhos +.+

    ResponderEliminar